vila rica

COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

SEGUNDO TRIMESTRE DE 2021


Auxiliar da Lição 8
A lei da aliança

 

Foco do estudo: Deuteronômio 7:9

ESBOÇO

A aliança que Deus fez com Israel no Sinai devia ser um exemplo da graça divina que seria notado por todos que entrassem em contato com Seu povo. A aliança definiu o relacionamento de Israel com o Senhor e apresentou parâmetros dentro dos quais o povo pudesse trabalhar e viver de modo a propagar da melhor maneira a mensagem divina.

COMENTÁRIO

Passagens anteriores, como Gênesis 20:3-6 e 21:32, dão exemplos de Yahweh alcançando outras nações antes da eleição de Israel. Não é surpreendente descobrir que, em resposta a Yahweh, o rei Abimeleque, um rei filisteu, se referiu à sua nação camita como “um povo inocente”?

“Yahweh sempre esteve em contato com os não hebreus e escolheu fazer de ‘pagãos’ Seus representantes e agentes, até mesmo sacerdotes de acordo com Sua vontade. [...]

“Yahweh usou Jetro, o queneu, que já conhecia o nome Yahweh antes de Moisés e, de fato, ajudou-o a entender Seus planos e a tornar possíveis Seus propósitos para a humanidade. [...] Eis o exemplo de um povo conhecido como pagão, afro-asiático, preservando esse saber vital antes que os hebreus entrassem em cena!” (Charles E. Bradford, Sabbath Roots: The African Connection [Raízes Sabáticas: A Conexão Africana], p. 36, grifo acrescentado).

A eleição de Israel

De igual forma, uma nação hebreia foi separada de uma linhagem abraâmica. O antigo Israel surgiu da providência divina a fim de propagar seu testemunho ordenado por Deus para as nações vizinhas. Assim, a conexão entre a eleição de Israel e a lei cósmica de Yahweh merece explicação: “A entrega da lei é tanto um ato de graça quanto o dom da eleição divina. A concessão da lei é tanto um ato de misericórdia quanto a libertação da escravidão egípcia. O dom da lei é tanto um ato do amor divino quanto a realização da aliança à qual a lei pertence. A lei, portanto, torna-se um instrumento que define todas as relações dentro da aliança e da comunidade da aliança” (Gerhard F. Hasel e Michael G. Hasel, The Promise: God’s Everlasting Covenant [A Promessa: A Aliança Eterna de Deus], p. 72).

A lei dentro da aliança

“A palavra hebraica para lei (tôr?h) aparece no Antigo Testamento por volta de 220 vezes. Seu significado não deve ser interpretado como ‘lei’ no sentido latino de lex, que significa ‘lei do império’, tampouco deve ser entendido como os gregos entendiam sua palavra para lei (nomos), a saber, ‘aquilo que sempre foi feito’. Na língua hebraica, o termo

tôr?h vem da palavra hôrâh, que significa ‘apontar’, ‘ensinar’ ou ‘instruir’. Consequentemente, o substantivo tôr?h significa em seu sentido mais amplo ‘ensino’ ou ‘instrução’. Nesse sentido, a palavra lei significa toda a vontade de Deus revelada, ou qualquer parte dela.

“Deus deu a Israel a instrução, a tôr?h, em termos de ‘estatutos e juízos’ (Dt 4:14) ou ‘os testemunhos, os estatutos e os juízos’ (v. 45) para regular a vida do povo. Tôr?h é usada com frequência nesse sentido. Assim, a lei poderia ser um tipo abrangente de ‘instrução’ que incluísse todas as leis: moral e ética, civil e social, de higiene e saúde e sacrifical e de adoração.

“Em outros casos, a lei (tôr?h) pode ser usada em um sentido muito restrito, significando apenas os Dez Mandamentos ou Decálogo” (Gerhard F. Hasel e Michael G. Hasel, The Promise: God’s Everlasting Covenant [A Promessa: A Aliança Eterna de Deus], p. 73).

A estabilidade da lei de Deus

O salmista canta: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos. [...] Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos, igualmente, justos. São mais desejáveis do que ouro [...] e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos” (The Interlinear Hebrew-Greek-English Bible [A Bíblia Interlinear Inglês-Hebraico-Grego], v. 2, p. 1.400; ver Sl 19:7-10).

Devemos sempre estar atentos ao fato de que nossa necessidade da lei divina está ligada à condição sem lei da psiquê humana, e não simplesmente por causa de nossa necessidade de retificar ações pecaminosas. Somente Cristo é capaz de incorporar Sua serenidade e estabilidade à humanidade, e Ele faz isso apontando-nos para Si mesmo (Is 26:3; Mt 12).

Ao mesmo tempo, a lei foi dada, e ainda permanece, para nosso benefício. Quem não sofreu ou viu outros sofrerem por causa da desobediência à lei de Deus? Pense em como nosso mundo seria muito melhor se as pessoas obedecessem à lei divina, em como seria melhor se as pessoas obedecessem pelo menos aos últimos seis mandamentos!

Paulo nos diz o seguinte: “Agora, porém, Ele os reconciliou no corpo da Sua carne, mediante a Sua morte, para apresentá-los diante Dele santos, inculpáveis e irrepreensíveis, se é que vocês permanecem na fé, alicerçados e firmes, não se deixando afastar da esperança do evangelho” (The Interlinear Greek-English New Testament, v. 4, p. 542, 543, grifo acrescentado; ver Cl 1:21-23).

Para o crente, a maturidade espiritual em Colossenses não se resume a um momento. O crescimento na graça foi percebido por Paulo como um processo regenerativo de toda a vida. Em resultado disso, esse relato paulino reafirmou os termos condicionais do pacto da graça que Yahweh havia estabelecido com o antigo Israel (estude Êx 19:5; Lv 26:3, 4, 14, 16; Dt 5:33; 6:5; 10:12; 11:1, 13, 22; 13:3, 18).

“Assim, é evidente que o caminho de salvação no Antigo Testamento e o caminho de salvação no Novo Testamento são o mesmo – ambos sendo a salvação pela graça por meio da fé, que resulta em obediência” (Gerhard F. Hasel e Michael G. Hasel, The Promise: God’s Everlasting Covenant [A Promessa: A Aliança Eterna de Deus], p. 78).

Por outro lado, é tão importante ter em mente a absoluta impossibilidade de arrependimento à parte de Cristo na arena da santificação: “Vocês não podem ter sequer um pensamento sem Cristo. Não podem ter a propensão de ir a Ele se Cristo não puser em movimento certas influências e não imprimir Seu Espírito na mente humana” (Ellen G. White, Fé e Obras, p. 73; estude Jo 14:15; Jo 15–17; At 5:32; Rm 2:4; 1Co 13; Gl 5:14-26; Ef 2:8-10; Ef 5; 1Jo 4:7-21; 5:1-3; Ap 22:14).

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Para reflexão: William Barclay disse que ser verdadeiramente religioso é amar a Deus e amar aqueles que Deus criou à Sua imagem. Esse amor não é um sentimentalismo vago e incerto, mas um compromisso total com Deus que emana do coração no serviço prático para com nossos semelhantes.

1. Leia Deuteronômio 6:5. Esse verso é parte do Shema, o credo do judaísmo. Todo serviço religioso começa com essa frase. Cada criança judia a memoriza antes de qualquer coisa. É um lembrete constante de que nosso amor a Deus deve vir antes de tudo. Leia as palavras de Jesus em Mateus 22:34-40. Em que sentido somos como os fariseus retratados aqui? Como a nova aliança enfatiza a prática do amor?

2. O Senhor nos dá Sua lei dentro da realidade de Seu amor insondável. Compare o relacionamento entre Deus e a humanidade com o relacionamento entre pais e filhos. Qual é o propósito da lei em um relacionamento amoroso? Como os limites e as expectativas faladas fortalecem um relacionamento? O que as leis e os limites de Deus nos ensinam sobre Seu caráter?

3. Cite dois ou três incidentes específicos da vida de Jesus que são exemplos de como Ele realmente amou Seu próximo como a Si mesmo. O que aconteceria se Jesus andasse pelas ruas de sua cidade hoje? Como Ele mostraria amor ao próximo e por quê? Quando você quebra parte da lei de Deus, Sua graça vem para o resgate. Isso significa que a graça anula a lei? Explique. Pense nos casos em que você apreciou os limites impostos pela Bíblia, pela igreja ou pela sociedade. Compartilhe um exemplo com sua classe.

4. A antiga aliança desempenhou papel importante no Êxodo de Israel do Egito. Ela foi um sinal do amor e cuidado protetor divinos. Em sua vida espiritual, como a aliança se traduz em sinais do amor e cuidado de Deus? Qual é o seu papel no processo de experimentar o verdadeiro relacionamento de aliança com Cristo?

5. Leia novamente o pensamento acima de William Barclay na seção “Para reflexão”. Pense em maneiras específicas de amar a Deus e à humanidade com “sentimentalismo incerto”. O que pode ser feito em sua igreja local para encorajar uns aos outros a ser mais sinceros em seu amor a Deus e ao próximo? Cite problemas e circunstâncias que interferem em suas tentativas de ser sincero. Como você pode se proteger dessas interferências?

6. Conforme observado, a lei de Deus dada aos israelitas era quase dolorosamente específica. Por que Deus está tão preocupado com a maneira de Seus filhos conduzirem a vida? É para o nosso próprio bem ou para o Dele? Comente. Deus pode ser impactado pelas nossas escolhas? Explique.

7. Tanto Israel quanto a igreja, como eleitos de Deus, possuíam e possuem algo de que o mundo em geral precisava e ainda precisa, mas do qual quase não tem conhecimento. Na maior parte, Israel fez pouco para mudar isso. É possível que hoje corramos o risco de nos tornarmos ineficientes ou irrelevantes? Explique.

8. Aqui e ali ouve-se o gracejo de que os Dez Mandamentos hoje se tornaram as Dez Sugestões. Será que às vezes agimos como se esse fosse o caso? Explique. Como podemos distinguir entre liberdade e licenciosidade?

9. A obediência à lei é uma condição para se ter um relacionamento com Deus? É um erro dizer que o dom da vida eterna e a presença contínua de Deus são, em certo sentido, incondicionais? Explique. Temos alguma base para crer na incondicionalidade do amor de Deus?

10. Sobre a questão da obediência, tendemos a pensar nisso como algo que fazemos. Não é igualmente verdade que poderia ser uma descrição do que somos quando escolhemos nos associar a Deus? Comente com a classe.